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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CAMILLA BELLE - A BELEZA BRASILEIRA QUE CONQUISTOU OS EUA




Reportagem de Vicente Vilardaga, com realização de Kika Brandão, publicada na revista Alfa
BELEZA AMERICANA
Camilla Belle faz filmes desde criancinha, fala português com um delicioso sotaque de gringa e está aberta a novas oportunidades
Apesar da beleza americana e da pele branca como a neve, a alma da atriz Camilla Belle tem as cores do Brasil e um de seus passaportes também. Visita o país desde os 2 anos de idade, quando a levaram para Santos, cidade natal de sua mãe, Deborah, e ganhou uma camiseta do time de Pelé.
Nasceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, respirando o oxigênio de Hollywood, mas cresceu movida a pão de queijo e brigadeiro e não teve outra opção a não ser falar português em casa. Se falasse inglês, levava uma bronca. “Minha mãe construiu uma casa brasileira nos Estados Unidos e sempre fez questão de mostrar como era o país dela”, lembra, com seu sotaque doce, como o de Kate Lyra, uma atriz gringa que, nos anos 1970, falava “Brasileiro é tão bonzinho” no programa humorístico Planeta dos Homens, da TV Globo.
“Gosto da proximidade entre as pessoas e do jeito como os amigos se tratam por aqui: com intimidade e carinho.” Futebol e novelas compõem a sua memória sentimental. Das novelas, inclusive, veio o nome Camilla, homenagem da mãe à personagem da atriz Renata Sorrah em Cavalo de Aço, de 1973. Viajou pelo Brasil em muitos verões de sua vida e todas as vezes passou em Santos, onde Deborah tem parentes e amigos.
Camilla se iniciou na carreira ainda bebê, fazendo comerciais, em Los Angeles, e aos 6 anos interpretou seu primeiro papel em um filme para a TV. Participou de O Mundo Perdido: Jurassic Park, de Steven Spielberg, um de seus grandes momentos na infância.
Foi uma atriz mirim atarefada e cheia de compromissos e sempre trabalhou sem parar, com um intervalo de alguns anos em que a mãe a obrigou a se dedicar seriamente ao ensino médio e também a estudar espanhol e francês. Na volta da temporada de estudante, surgiram as primeiras chances para se redirecionar na profissão como adulta.

"Gosto do jeito como os amigos se tratam no Brasil: com intimidade e carinho" (Foto: Maurício Nahas)

Em O Mundo de Jack & Rose, sua personagem era Rose, uma garota de 16 anos (tinha 19 na época) que morava sozinha com o pai em uma ilha deserta e enfrentava os dramas da adolescência e do isolamento. Quem interpretou o pai, Jack, foi Daniel Day Lewis. Embalou em outras duas produções de menor repercussão no mesmo período, o drama O Preço do Silêncio, em que fazia o papel de Dot, uma mulher muda, e no suspense Quando um Estranho Chama.
Agora, aos 26 anos, Camilla busca um lugar nos trópicos. Está convencida de que a combinação de sua diáfana beleza americana com a habilidade para falar línguas latinas com um delicioso sotaque pode lhe render bons personagens globais. Os dramas familiares e as histórias de amor filmados mundo afora envolvem cada vez mais gente que chega de qualquer região, com nacionalidade indefinida e jeito de estrangeiro, e não faltam oportunidades para atores talentosos e versáteis.
O mercado está aberto. Nas suas andanças profissionais, Camilla já fez dois trabalhos com diretores brasileiros: À Deriva, do pernambucano Heitor Dhalia, de 2009, e Open Road, dirigido nos Estados Unidos por Marcio Garcia, em 2011, e cuja última previsão de estreia era o dia 12 de abril.
Nos dois papéis, aproveitava essa condição de garota que tenta se orientar (ou se perder) geograficamente. Também filmou um curta-metragem no México, Zero Hour The Film, com roteiro de Guillermo Arriaga. Quer muito mais. Adoraria entrar em novos (e bons) projetos na América Latina.
“Acho divertido fazer filmes populares e com grandes elencos”, afirma Camilla, que foi a estrela do épico pré-histórico 10 000 A.C., megaprodução com orçamento de US$ 105 milhões. Sua personagem era uma mulher das cavernas chamada Evolet, namorada de um caçador de mamutes. “Mas em produções menores posso me testar mais”, completa.
“O problema é que o cinema americano passa por um momento difícil e os filmes mais interessantes, de que eu mais gosto, com orçamentos de até 5 milhões de dólares, foram muito afetados.” Como vem fazendo nos EUA, Camilla quer se aproximar de cineastas independentes em outros países e oferecer seus múltiplos talentos e sua beleza de diva existencialista em papéis desafiadores.


"Cresci em uma casa brasileira e se não falasse português levava uma bronca" 

Não pensa em televisão, só em cinema. Prefere participar de projetos mais autorais, ainda que o dinheiro seja pouco. Gostou muito da experiência de À Deriva, em que contracenou com o francês Vincent Cassel. No filme, rodado em Búzios, ele era Matias, e ela, Ângela, sua amante. Foi a primeira vez que ambos fizeram um papel falado em português.
A mãe, Deborah, é companheira inseparável de Camilla. Preparou a filha desde pequena para ser atriz ao mesmo tempo que lhe deu uma formação religiosa. Examina todos os roteiros que chegam a ela. “Temos uma partnership [parceria]“, define, enquanto acompanha a sessão de fotos com máxima atenção.
Não quer nada de vulgaridade nem que o corpo de Camilla apareça muito. Gostou do cenário escolhido por Alfa. É um bar em São Paulo com estilo antiquado, meio retrô, que combina com a languidez de Camilla. “Sou muito família, passo o tempo vendo novela e ainda moro com minha mãe”, diz.
Aparentemente nada a ver com Angie, sua personagem em Open Road, uma brasileira que se larga enlouquecida em uma viagem pelos EUA e encontra o eremita Chuck, encenado por Andy Garcia. Camilla também está na estrada, mas não está sozinha e nem é rebelde. Deborah vai ao seu lado.

(foto QG Magazine)

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